terça-feira, 20 de outubro de 2015

Samba do crioulo doido !

Em 1968, Stanislaw Ponte Preta (pseudônimo do escritor e jornalista Sérgio Porto) criou uma paródia, com o nome acima, para o Teatro de Revista, para contrapor a obrigatoriedade imposta, na época, às escolas de samba de retratarem nos seus sambas de enredo somente fatos históricos.

Na verdade, tal expressão idiomática se refere a coisas sem sentido, mirabolantes, sem nexo. Dizia Stanislaw que seu samba desregrado era um “potresto” (sic). Fazia uso de expressões linguísticas incorretas, entoadas pela população suburbana da cidade, para expressar o descontentamento - através da musicalidade -, com o cenário político, muito militar e rígido, da época. Seu tom e letra fez sucesso na voz de Wilson Simonal, e depois com o conjunto Demônios da Garoa.

Hoje, se ficarmos “formalmente” apegados ao que alguns chamam de expressão vocabular “politicamente correta”, deveríamos de nos referir a tal samba como o samba do afrodescendente com dificuldades sensoriais. Com certeza que isto seria uma bobagem vocabular e uma idiotice histórica e de falta de bom senso. Mas, deixando de lado qualquer questão ilícita de discriminação por raça, cor ou credo – que acreditamos não exista no Brasil (Deus (não) nos ouça) - todos nós; crioulos, pardos, pretos, brancos, mestiços, amarelos, cafuzos ou mamelucos...,  estamos hoje em um  “Brasilian Days”  com  alcunha de  “brasileiro doido”. 

E isto porque o samba do Stanislaw, e seu enredo (e história poética subjacente), se amolda perfeitamente às circunstâncias atuais:  Votamos em candidatos às diversas esferas políticas para que nos dessem a necessária prestação de serviços de bem servir ao país, e às causas do cidadão.  Mas, por viés da lei partidária, ininteligível ao cidadão comum, votamos em candidatos do PT, do PSDB, do PMDB, do PSB, PDT, PCB, PC do B, e outros tantos P(s)..., mas não no(s) partido(s) !    Votamos no presidente, ou prefeito; e não no vice (que é automaticamente agregado). 

Assim, e logo adiante ao escrutínio, muitas vezes nos deparamos que os candidatos não são nossos. E que eles tem vida própria independente de seus eleitores. E muitas vezes se descolam dos partidos pelos quais foram eleitos, ou se revoltam contra os mesmos (Te avisaram previamente ?).    

Os partidos, na prática, não tem nenhuma obrigação para com o eleitor, pois o partido não foi eleito, mas sim o candidato.  E os partidos – assim o diga a mídia incessante -  fazem, dia-a-dia, conluios, conchavos, mutretas, acordos e projetos (muitos que não constam no programa partidário) em detrimento do eleitor daquele candidato, daquele partido....

Incongruências intra-corporis partidárias, e com os próprios eleitores;  e de pseudos programas partidários, que nos levam a crer que, na verdade, o sistema político-partidário brasileiro  é de uma insensibilidade sutil, que impede inclusive que o eleitor possa fazer qualquer pedido de prestação de contas da atividade parlamentar do seu escolhido, ante a falta de um “contrato” jurídico (eleitor-eleito) específico, factível e não-secreto, para a cobrança plena da exigibilidade das propostas de campanha.

Samba do brasileiro doido, que além de gostar de samba, feijoada, futebol, agora tem que aprender a  ver as notícias dos crimes da Fifa,  dos políticos, e dos P(s).... 

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